Trinta técnicos e auxiliares de saúde bucal que atuam em municípios do Pará integram a primeira turma do curso ofertado pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Pará (UFPA) para a capacitação em atendimento odontológico de pessoas com deficiência. No Brasil, cerca de 45 milhões de pessoas, o correspondente a 24% da população, apresentam algum tipo de deficiência, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O curso faz parte do Serviço Integrado de Diagnóstico Oral e Atendimento Odontológico a Pacientes Especiais (SIDOPE), projeto realizado pela Faculdade de Odontologia da UFPA com o apoio da FADESP para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento odontológico de pessoas que apresentam qualquer tipo de condição de vida que os façam necessitar de atendimento diferenciado por um período ou por toda a vida. Entre elas estão os diabéticos, os hipertensos, as grávidas e as pessoas com deficiência mental.
Segundo o coordenador do projeto, professor Erick Pedreira, o curso foi criado diante da necessidade de preparar toda a equipe de profissionais que atende essa clientela, tanto em nível ambulatorial quanto hospitalar. Na UFPA, a qualificação começou com a especialização e agora se expande para a formação técnica.
Integrante da equipe responsável pelo curso, o odontólogo Michel Matos revelou a própria dificuldade de ter um auxiliar preparado para atender os pacientes especiais. Ele também observa que a formação da segunda turma de especialistas pela UFPA exigirá que mais auxiliares estejam habilitados daqui para a frente.
Também membro da equipe e do SIDOPE, Suzete Matos completou que parte da turma é formada por alunos vindos de cidades do interior, o que demonstra a demanda pelo serviço especializado no Estado e não só na capital. Através da Política Nacional de Saúde Bucal implantada no país, os municípios podem ter a ajuda para implantar os serviços de atenção básica (Programa Saúde da Família) e os especializados (Centro de Especialidade Odontológica) que são compostos por profissionais técnicos.
Turma iniciada – o curso terá 120 horas de carga horária, com aulas modulares mensais e atividades laboratoriais, ambulatoriais e hospitalares. Os alunos são Técnicos de Saúde Bucal (TSB) e Auxiliares de Saúde Bucal (ASB). Muitos deles já atuam na rede de saúde pública e particular.
Um dos alunos é Miguel Edvaldo Nascimento, de 21 anos. Ele atua há dois anos como auxiliar no Centro de Especialidade Odontológica (CEO) do município de Salinópolis, na região do Salgado, no Pará. Ele revela que a prática o ensinou a lidar com os problemas do dia-a-dia, mas a expectativa é tornar o seu trabalho mais técnico.
A mesma expectativa tem Valdenice Gomes, de 42 anos, que atua como técnica em clínica particular, no município de Bragança, região do Salgado, no Pará. “Atendemos muito pacientes que precisam de atenção especial. Tem pessoas com Síndrome de Down, epilepsia, deficiência mental. Espero obter mais conhecimento pra melhorar o atendimento”, diz.