A Bienal das Amazônias Sobre as Águas encerrou sua participação na Cúpula dos Povos, após seis dias intensos de programação que transformaram a orla da Universidade Federal do Pará (UFPA) em um palco flutuante para a arte, a cultura e debates sobre a região. O último dia celebrou o protagonismo feminino, reafirmando o papel central das mulheres na guarda e reinvenção dos saberes do território.

O encerramento foi marcado pelo lançamento da série “Matriarcas”, dirigida por Joyce Cursino, e pela aguardada exibição do documentário “Mestras”, uma obra-prima de Aíla e Roberta Carvalho.
A projeção no telão trouxe a força inquestionável das guardiãs de saberes, cantos e ofícios da Amazônia. As diretoras do documentário Mestras compartilharam com o público a emoção de trazer a obra para o barco emblemático da Bienal.
“É uma alegria trazer esse filme para dentro desse barco emblemático aqui da Bienal das Amazônias Sobre as Águas. Falar desse protagonismo das mulheres, desse protagonismo da cultura no debate também das mudanças climáticas. Isso tudo precisa ser debatido aqui na COP. Então é muito simbólico, é muito importante. Eu acho que não há revolução sem as mulheres na frente dessas revoluções, dessas mudanças, sem essa equidade, sem esse respeito”, destacou a diretora Roberta Carvalho.
Já a cantora e diretora Aíla expressou o orgulho pela produção local. “A gente está muito feliz, porque é um filme 100% paraense: desde a trilha sonora, direção de fotografia, roteiro… É um muito orgulho! É o primeiro longa documentário do Pará a entrar no maior festival de cinema do Brasil, que é o Festival de Gramado,” celebrou.
Ao longo da última semana, cerca de seis mil pessoas passaram pela Bienal estabelecendo uma ponte entre a arte e o público ribeirinho e morador do entorno da UFPA, reconfigurando a relação da cidade com o seu rio. A idealizadora do projeto e presidente da Bienal, Lívia Conduru, fez um balanço sobre a ocupação do espaço e a reação da comunidade. “Eu acho super positivo poder mostrar isso para o máximo possível de pessoas, mas sobretudo no universo de pessoas moradoras do entorno daqui. Um segurança da UFPA estava de folga e trouxe o filho para aproveitar o barco. Ótimo que a gente possa fazer essa ligação com o território do entorno, que é super populoso e carece de ação, espaços de lazer. Então, eu estou bem feliz!”, disse.
O evento também reforçou a importância do apoio institucional à cultura como ferramenta de inclusão social. O diretor executivo da FADESP, Roberto Ferraz Barreto, destacou a ação como um compromisso com a sociedade. “A Bienal das Amazônias Sobre as Águas, com sua força cultural e seu apelo popular, cumpre uma função social indispensável, que é a de aproximar a universidade da população que a cerca. A FADESP tem em sua missão o apoio a projetos de extensão que levam a arte, o saber e o debate para além dos muros acadêmicos. Este evento é a prova de que a cultura é o motor mais eficaz para essa inclusão e um compromisso com o desenvolvimento sustentável da nossa Amazônia.” concluiu Roberto.
A Bienal das Amazônias sobre as águas na UFPA se despede deixando a certeza de que a cultura amazônica, ao navegar e ocupar seus rios, tem o poder de narrar e transformar a própria história do Pará.
