A Universidade Federal do Pará (UFPA) será a casa da ciência nacional em julho de 2024. Após 17 anos, a Universidade receberá novamente uma Reunião Anual (RA) da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o maior evento científico da América Latina e que, neste ano, chega à 76ª edição. A reunião ocorre de 07 a 13 de julho e todas as atividades estarão concentradas no Setor Básico do Campus Guamá da UFPA, em Belém.
Realizadas desde 1949, de forma ininterrupta, as Reuniões Anuais visam difundir os avanços da ciência produzida no país nas diversas áreas do conhecimento, assim como debater políticas públicas voltadas para a Tecnologia, Inovação e Educação. Uma verdadeira celebração da ciência que, em 2024, terá como tema “Ciência para um futuro sustentável e inclusivo: por um novo contrato social com a natureza”.
O reitor da UFPA e presidente da comissão executiva local da 76ª SBPC, professor Emmanuel Tourinho, destaca que o público pode esperar uma RA com intensa participação da comunidade científica brasileira, rica programação artística e cultural e forte presença de representantes dos povos e comunidades amazônicas. “UFPA e SBPC estão trabalhando intensamente para que a Reunião Anual conte com uma infraestrutura confortável ao público e com uma programação rica, com debates de temas centrais para a sociedade brasileira hoje”, adianta. “Para a composição da programação cienơfica, recebemos um número muito expressivo de propostas, com uma participação representativa do conjunto da comunidade científica nacional e um bom destaque para assuntos que se relacionam com o tema da RA, especialmente em suas conexões com a realidade da Amazônia”.
A Reunião Anual chega à capital paraense quando a cidade se prepara para sediar a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), fórum internacional que mobilizará chefes de Estado e de governo, pesquisadoras(es) e ambientalistas em busca de soluções efetivas para o enfrentamento das mudanças climáticas.
O reitor Emmanuel Tourinho avalia que a temática estará muito presente já na 76ª Reunião Anual. Para ele, o agravamento da crise climática e a importância da Amazônia para conter o aquecimento global geram a oportunidade de uma maior atenção à região e ao que estão produzindo as(os) cientistas amazônidas. “Lidamos, aqui, com problemas muito complexos e diversos, que impactam de modo dramático a vida cotidiana das populações e a conservação (ou não) do bioma. A ciência é essencial para a compreensão dessa realidade e para subsidiar políticas públicas que possam propiciar um ciclo de desenvolvimento sustentável e inclusivo. A RA será um momento importante de diálogo sobre o papel da ciência nacional nesse cenário e de preparação de nossa comunidade para a intervenção na COP-30, que acontecerá em Belém, em novembro de 2025”.
Para o Presidente da SBPC, Professor Renato Janine Ribeiro, a realização da reunião anual em uma cidade amazônica faz lembrar a grande responsabilidade implicada no fato de a maior parte da Amazônia estar concentrada no território brasileiro. “A SBPC se sente muito feliz e, ao mesmo tempo, orgulhosa de realizar sua reunião anual de 2024 em Belém do Pará, a maior cidade da Amazônia, a porta desta região enorme que se espalha por vários países e da qual a maior parte é brasileira”, considera. “O fato de que a Amazônia seja brasileira em tão grande medida não nos dá apenas direitos, dá uma enorme responsabilidade. Nós devemos cuidar dela porque ela é um património simbólico da humanidade”.
O professor reforça que esta percepção implica não apenas a adoção de medidas concretas, mas também de um novo entendimento acerca da região. “Não só a Amazônia, como outras regiões que têm muita biodiversidade, hoje, aparecem como uma possibilidade enorme de crescimento da humanidade rumo a um paradigma em que a natureza não seja mais algo a ser explorado, destruído, mas algo que tenha conosco uma espécie de contrato, uma espécie de pacto. Por isso propusemos um novo contrato com a natureza como o tema dessa reunião anual que vamos fazer em Belém, na Universidade Federal do Pará (UFPA)”.
Dentro deste contexto, a Secretária-geral da SBPC, Cláudia Linhares, também considera que as questões ligadas ao meio ambiente estarão no centro dos debates da 76ª Reunião Anual. “A gente vive um momento em que a questão do meio ambiente se tornou vital, não só do ponto de vista de vidas humanas, mas do ponto de vista econômico também. A gente está vivendo a tragédia do Rio Grande do Sul, que agora já se estende até Santa Catarina; nós vimos as secas no ano passado na Região Norte e esses fenômenos todos, de repente, se tornaram uma pauta comum e popular junto às pessoas”, avalia. “E a Reunião Anual sendo realizada no Pará, que é
na região amazônica, as pessoas esperam que isso dê mais visibilidade ainda para essas discussões, pela localização geográfica da Universidade Federal do Pará (UFPA). Então, temos essa pauta que se tornou urgente e que faz com que a reunião seja cercada de grandes expectativas”.
Cláudia lembra, ainda, que esta será a maior reunião da SBPC depois da pandemia da Covid-19. Uma reunião anual no seu formato completo, a primeira em que serão retomados os minicursos presenciais. A Secretária-geral da SBPC destaca, também, que deverão participar da 76ª Reunião Anual pelo menos cinco ministras(os) de estado, as(os) titulares do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, do Ministério da Saúde, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, do Ministério do Planejamento e Orçamento e do Ministério da Educação.
Outros nomes confirmados entre os 81 conferencistas já anunciados são o Nobel da Paz, pelo Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC), Philip Martin Fearnside e a filósofa e escritora, Sueli Carneiro.
Programação terá novidades
Além do formato tradicional de conferências e mesas-redondas, a reunião anual também contemplará outros espaços de fomento e discussão da ciência. Em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (Semec) de Belém, a 76ª SBPC inova com a criação do Espaço ‘Infâncias Mairí na SBPC’, uma tenda de 100m² que receberá uma série oficinas que deverão promover a iniciação cietífica de crianças menores de cinco anos de idade. No espaço lúdico, as crianças poderão trabalhar com elementos naturais e que contribuirão com o despertar de consciência sobre o meio ambiente neste novo contrato social com a natureza, que é a proposta desta reunião anual. Durante toda a semana serão disponibilizadas quatro oficinas: “Usina de pigmentos naturais”; “A transformação da argila”; “Brinquedos de Equilíbrios e Ventos” e “A química das bolhas de sabão”.
Ainda voltado àquelas(es) que poderão ser as(os) futuras(os) cientistas e pesquisadoras(es) brasileiras(os), a programação da SBPC também acolherá 250 crianças que chegarão ao evento cietífico diretamente da região das ilhas, aportando no píer do Campus Guamá da UFPA. Ao todo, 36 barcos escolares, em cortejo, trarão alunas(os) e professoras(as) das ilhas e áreas ribeirinhas para abraçar a SBPC e a Ciência.
SBPC Jovem
Momento bastante esperado em todas as reuniões anuais, a SBPC Jovem deverá acolher 71 estandes na 76ª edição, estruturas que variam desde 9 metros quadrados a até 320 metros quadrados. Ao todo, haverá feiras de ciências de 12 estados do Brasil e o espaço integrará parceiros históricos da SBPC Jovem, como o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a Fiocruz, a Agência Espacial, o Circo da Ciência e instituições que se farão presentes no espaço pela primeira vez, como é o caso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
SBPC Afro e Indígena
Destaque na programação da SBPC desde 2014, o selo da SBPC Afro e Indígena contemplará programações científicas que tratem de questões relacionadas à cultura e à trajetória afro e/ou indígena. O diferencial deste ano é que, além das atividades científicas tradicionais – conferências, mesas redondas, minicursos, painéis – a reunião anual que será realizada na UFPA retomará a disponibilização de espaços expositivos também voltadas para a temática. A Maloca e uma tenda de 400 m², montada em frente ao prédio da Reitoria, receberão as exposições da SBPC Afro e Indígena.
Cultura alimentar
O “Paneiro: Espaço da Cultura Alimentar” dará destaque para a culinária típica paraense. Na tenda montada próximo ao Rio Guamá, as(os) participantes poderão degustar os sabores da comida regional, mas também conhecer um pouco da história e das tradições que estão por trás de alguns preparos. Para isso, um palco será montado para receber diversas apresentações, incluindo demonstrações e aulas show de culinária.
A Feira da Economia Solidária e Diversidade reunirá mais de 40 expositoras(es) de todo o país, pessoas que fazem parte de redes de cooperação e que atuam na perspectiva da economia solidária, expondo e comercializando produtos naturais, oriundos de empresas geralmente familiares ou iniciativas populares. Para que tais produtoras(es) fossem selecionadas(os) para participar do espaço, uma curadoria nacional vem sendo feita desde o ano passado.
Sobre – A 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) ocorre entre os dias 07 a 13 de julho no Campus Guamá da UFPA, em Belém. Todos os anos, o evento científico reúne milhares de pessoas, entre cientistas, professoras(es), estudantes, profissionais liberais, autoridades e visitantes em geral. A programação é gratuita e aberta a todas(os) que desejem participar.
A 76ª SBPC é uma realização da SBPC e da UFPA e tem como sócios institucionais a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os patrocinadores são a Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), a Finep, Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
O evento tem como parceiros institucionais a Universidade do Estado do Pará (Uepa), o Instituto Federal do Pará (IFPA), a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG).
Conta, também, com o apoio da Prefeitura de Belém, da Semec, da Secretaria de Estado de Cultura-SECULT-PA, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cienơfico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Educação, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Ministério de Desenvolvimento Social, Ministério de Desenvolvimento Agrário e do Governo Federal.